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sexta-feira, 13 de junho de 2014

BEM VINDO AO BLOG DA QUEEN!

Este é o 1° post de muitos, para todos aqueles que amam o mundo das Artes. A Queen Books já está neste meio há mais de duas décadas, então, porque não compartilhar o nosso conhecimento?

Vamos falar sobre as melhores exposições do momento, e, é claro, vamos falar sobre a OBSESSÃO INFINITA de Yayoi Kusama no Instituto Tomie Ohtake- SP.

"Filled with the Brilliance of Life", uma das instalações mais incríveis desta exposição.

A exposição termina no dia 27/07/2014, e você simplesmente NÃO PODE PERDER. Mesmo para aqueles que não conhecem o trabalho e a história da mais importante artista plástica do Japão pós-guerra, esta exposição é indispensável por vários motivos:

  1. Você fica hipnotizado com as instalações
  2. Você é arrastado para uma viagem dentro da cabeça de Yayoi
  3. Você não consegue parar de pensar nos pontos coloridos.
Mas chega de enrolação e vamos ao que interessa:

QUEM É YAYOI KUSAMA?

Yayoi nasceu na cidade de Matsumoto em 1929, e começou a realizar seus trabalhos semi-abstratos em 1940. Nesta época já estavam presentes pequenos padrões em forma de arcos que se repetiam infinitamente- a série INFINITY NET começou a ser idealizada no final de 1950-.
Em 1957 ela se muda para Nova York e entra em contato com as obras de artistas como Andy Warhol, Claes Oldenberg, Donald Judd, etc., provocando uma ebulição em sua arte. São desta época as suas esculturas "Accumulations", obras delicadas e provocantes.

Fotografia de Yayoi Kusama com a série "Compulsion Furniture" - Accumulations. 1964

Yayoi ganhou notoriedade e participou de várias performances com outros nomes da chamada "subcultura marginal" da época.
Em 1973 Yayoi retornou ao Japão, e desde 1977 vive por vontade própria em uma instituição psiquiátrica. Yayoi afirma que sua obra é um reflexo do que ela vê, fruto de alucinações e de seu transtorno obsessivo-compulsivo. Seu trabalho é uma mistura de diversas artes como, colagens, pinturas, esculturas, arte performática e instalações ambientais, onde é visível uma característica que se tornou a marca da artista: A obsessão por pontos e bolas.
Como a própria artista diz: "Minha arte é uma expressão da minha vida, sobretudo da minha doença mental, originária das alucinações que eu posso ver. Traduzo as alucinações e imagens obsessivas que me atormentam em esculturas e pinturas. Todos os meus trabalhos em pastel são produtos da neurose obsessiva e, portanto, intrinsecamente ligados à minha doença. Crio peças, mesmo quando não tenho alucinações”.

OBSESSÃO INFINITA: A CRÍTICA

Para um dos curadores da mostra, o canadense Philip Larratt-Smith, os diversos sintomas e manifestações da doença mental de Kusama encontram equivalentes simbólicos em sua arte:

— De uma maneira muito clara, e muito pura, ela encarna o mito do poeta doente; da ideia de que o artista faz o seu trabalho a partir do sofrimento e do trauma. A linha entre sua vida e sua arte é muito fluida e, algumas vezes, desaparece totalmente

A produção artística ajudou Kusama a canalizar suas ideias e manter-se viva. Já no fim dos anos 1950, ela começou a trabalhar em uma de suas mais celebradas séries, “Infinity net” (“Rede infinita”), que pode ser vista na exposição.
— Por causa da guerra, eu tive que passar a minha juventude na escuridão de um Japão militarista — conta a artista. — Isso fez com que eu buscasse um lugar mais amplo, um mundo exterior em que pudesse me expressar. Então, fui para os Estados Unidos.
Kusama chegou a Nova York em 1957, e lá entrou em contato com artistas como Donald Judd, Joseph Cornell e Andy Warhol. Foi na cidade americana onde ela começou a fazer peformances, em que pessoas nuas eram cobertas com suas indefectíveis bolinhas, numa espécie de celebração do amor livre.

Yayoi Kusama- Infinity Nets, 1960

— De certa forma, Kusama e Warhol eram líderes em campos rivais — resume Larratt-Smith. — Cortejavam a publicidade e criaram personas midiáticas fascinantes para promover suas obras. Ambos experimentavam com a criatividade coletiva: Warhol tinha a Factory; Kusama tinha suas orgias e performances.

Ainda assim, foi somente há dois anos que o trabalho dela ganhou suas primeiras grandes exposições internacionais: em 2011, no Reina Sofía, em Madri, e no Centro Pompidou, em Paris; e, no ano passado, na Tate Modern, em Londres, e no Whitney Museum, em Nova York. Sem falar na sua produção de estampas para a grife Louis Vuitton.

— Kusama viveu nos EUA de 1957 a 1973, período em que produziu o trabalho pelo qual é mais conhecida — justifica Larratt-Smith. — O público japonês viu pouco ou quase nada disso. E, quando ela voltou ao seu país, decidiu viver numa instituição psiquiátrica. O Japão era, e de certa forma ainda é, um país profundamente patriarcal, em que as mulheres não têm as mesmas liberdades que os homens. É também uma cultura conformista, e o trabalho iconoclasta de Kusama e sua personalidade singular (sem mencionar o fato de que ela discute publicamente sua doença mental) fizeram com que ela não fosse muito compreendida até recentemente.
Hoje, ela vive o auge de sua fama internacional, figurando como a terceira artista mulher que mais ganhou dinheiro com seu trabalho (atrás apenas das americanas Joan Mitchell e Mary Cassatt): ao longo da vida, já faturou cerca de US$ 127,7 milhões. E, embora Kusama fosse pouco conhecida na Argentina, sua recente exposição no Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires (Malba) comprovou a força de sua arte: durante dois meses e meio, e em pleno inverno, os portenhos fizeram fila ao redor do museu para prestigiar a mostra, que acabou batendo recorde de público.

A “kusamamania” se repete
A “kusamamania” que tomou Buenos Aires promete se repetir em São Paulo. “Obsessão infinita” apresenta cerca de cem obras, produzidas de 1949 a 2012, incluindo pinturas, trabalhos em papel, esculturas, vídeos, apresentações em slides e, sobretudo, instalações.
Entre os maiores destaques está um de seus trabalhos seminais, o “Campo de falos” — um jardim de falos decorados com bolas vermelhas e brancas numa sala espelhada. Outro destaque é a instalação “Cheia de brilho da vida”, em que as bolinhas aparecem na forma de lâmpadas que se acendem e apagam em cores diferentes.

Campo de Falos- Yayoi Kusama 


 E o público também é chamado a participar da obsessão da artista. Logo na entrada, cada visitante receberá uma cartela de adesivos, todos de bolas coloridas, para decorar outra instalação, a “Sala da obliteração”, originalmente toda em branco.

Ao fim da exposição, 36 telas gigantescas pintadas entre 2012 e 2013 mostram que a artista continua trabalhando com afinco em seu ateliê, dentro da instituição psiquiátrica em que vive.
— Hoje, muitas pessoas generosamente reverenciam minha arte e são tocadas pela minha maneira de viver. Fico feliz que a sociedade tenha evoluído tanto — diz ela.

Desvendar a relação entre loucura e arte desafia cientistas há décadas. Não é preciso ser um grande especialista para notar o número excessivamente alto de artistas das mais diversas áreas que sofrem de algum distúrbio mental. E também o quanto a expressão artística funciona como tratamento para muitos transtornos. Yayoi Kusama encarna os dois lados dessa equação. Seus trabalhos são uma expressão de seu mundo interior, mas também funcionam como uma forma de evitar o suicídio, em suas próprias palavras.

— Eu sou inspirada por todo o universo, pela Humanidade e por ilusões e sonhos que existem dentro de mim — afirma a artista. — Vez por outra, mensagens sobre as mais diversas coisas nascem dos meus conflitos mentais, resultando na criatividade da minha arte. (...) Mas a minha arte é também necessária para que eu lute contra meus sentimentos de morte.

No início do século passado, a psiquiatra Nise da Silveira (1905-1999) já tinha percebido empiricamente o quanto o trabalho artístico servia como tratamento para seus “clientes” (como ela preferia chamar os pacientes), numa época em que remédios para tais transtornos eram praticamente inexistentes. Mas é preciso cuidado: uma condição não necessariamente deriva da outra. Nem todo “louco” é criativo ou todo criativo é “louco”. As condições, no entanto, podem estar ocasionalmente relacionadas, como a ciência vem procurando demonstrar.
Uma das teses mais aceitas hoje é explicada pelo neurocientista Roberto Lent, diretor do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A região do lobo pré-frontal do cérebro (atrás da testa) é responsável por regular a aceitação das regras sociais e a avaliação dos perigos. É ela que alerta para infrações, que impede que nos envolvamos em situação de risco elevado, que faz com que respeitemos as normas legais.
Resumindo, o lobo pré-frontal atua como uma espécie de freio. E, teoricamente, quanto menos freio tivermos, mais criativos seremos. Sem freio, ou, digamos assim, com um freio defeituoso, tendemos a requisitar soluções mais inusitadas de outras áreas do cérebro, deixar fluir ideias inicialmente consideradas “loucas”, “impróprias” ou perigosas demais.
Alterações dessa região do cérebro, portanto, podem levar a decisões de vida mais audaciosas, assim como a comportamentos autodestrutivos, a determinadas patologias (como psicopatia, esquizofrenia e transtorno obsessivo compulsivo) e também a um aumento da criatividade. Ou a várias dessas coisas ao mesmo tempo.

Não é por acaso também que os remédios usados no tratamento de transtornos costumam “embotar” a criatividade, embora devolvam ao paciente uma vida praticamente normal. Ou, nas palavras de Kusama:
— Eu tomo remédios todos os dias, exceto quando estou pintando.
(Crítica por Roberta Jansen, jornal O Globo, 06/10/2013)


Na Queen Books...

A editora Globo lançou uma linda edição do livro Alice no País das Maravilhas (Lewis Caroll) ilustrada por ninguém menos que Yayoi Kusama. Dá para imaginar as ilustrações???


Quer saber mais detalhes sobre esta edição? Acesse já o nosso site: http://queenbooks.com.br/produto/1250/as-aventuras-de-alice-no-pais-das-maravilhas.html

Será que podemos traçar um paralelo entre as obras de Yayoi Kusama e Artur Bispo do Rosário?
Queremos saber a sua opinião!

Obsessão Infinita, de Yayoi Kusama
Quando? Visitação do público: de 22 de maio a 27 de julho de 2014.
Onde? Instituto Tomie Ohtake - Av. Faria Lima, 201 (Entrada pela Rua Coropés, 88) – Pinheiros, SP
Quanto? Entrada franca
Funcionamento: De terça a domingo, das 11h às 20h
Mais informações: (11) 2245-1900





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